Invicto após 14 lutas, Lyoto Machida está cada vez mais perto do cinturão do UFC. Aceitando o desafio da TATAME, o carateca passou pela entrevista dos mais críticos dos repórteres: seus fãs, os assinantes da TATAME. No bate-papo exclusivo, Lyoto falou sobre seus treinamentos em Belém, a luta com Thiago Silva, a chance pelo cinturão, os melhores do mundo, se pensa em subir de peso e sua história no MMA.
Você já provou ser merecedor de disputar o cinturão de sua categoria.
Você acha que existe um receio por parte do UFC de que haja um domínio brasileiro nas categorias? (Antônio Rivanildson da Costa Carvalho)
Eu não penso dessa forma. Acho que isso é tudo uma questão de promoção, porque o evento está querendo me promover mais, e isso é até bom pra mim. Se eu faço uma luta e vou para o cinturão, a promoção é pequena, eu apareço muito pouco. Quero ser testado e, quando chegar lá, já tenha muitos fãs, até porque o evento é profissional e tem que faturar com isso. Se eu tiver uma promoção grande logicamente vão me colocar, e isso está acontecendo agora.
Fala-se muito da importância de uma equipe no desenvolvimento do atleta, mas, embora você treine com muitos grandes nomes, esse treino se dá individualmente, ou seja, não estão todos juntos como uma equipe. Qual é o seu diferencial pra manter-se sempre em alto nível? (Antonio Rivanildson da Costa Carvalho)
Meu diferencial é que o treino é duro, tenho meu preparador físico, meu pai e irmãos, estamos muito focados na minha melhora, então a gente filma os treinos e corrige. Algumas pessoas falam que tem que estar nos Estados Unidos para treinar, mas posso estar em Belém e fazer um treino bom. É só ter uma cabeça boa e uma estrutura mínima, o lado emocional e físico de treinamento. Aqui é bom de sparring. Tenho lutadores regionais que são duros, mas não têm oportunidade de aparecer. Acredito muito nos meus colegas de trabalho, porque me dão dificuldades no treino, conhecem meu jogo. Isso vai me fortalecendo cada vez mais. Eu já rodei o mundo, fui a diversos países e cheguei a essa conclusão.
Sua luta com Thiago Silva criou uma enorme expectativa entre os fãs. Qual era a sua expectativa e a luta se desenrolou como você esperava? (Antonio Rivanildson da Costa Carvalho)
Eu me sentia bem, o golpe estava rápido e forte, sabia que, se conectasse, ia acabar a luta, mas não tinha noção do quão rápido isso poderia ser.
Você está lutando no maior evento do mundo, com o melhor card de lutadores. Você acha possível termos um UFC no Brasil? (Antonio Rivanildson da Costa Carvalho)
Eu acho que é só uma questão de tempo para o UFC. Parece que no fim do ano farão um evento no Japão e, ano que vem, no Brasil. Eles sabem que não só é o maior celeiro de talentos, mas que o evento tem uma grande popularidade. Ouvi muitas conversas pelos corredores que realmente é grande a chance de fazer um evento no Brasil.
Sendo um lutador de MMA oriundo do Caratê, você já pensou em se testar num evento de Grappling como o ADCC? Como acha que se sairia? (Antonio Rivanildson da Costa Carvalho)
Claro. Acho que seria interessante. Apesar do Caratê que tenho hoje, tento ser completo. Já participei de competições de Sumo e gostaria de me testar numa competição de Grappling. Lógico que não seria uma coisa principal, uma prioridade, isso aconteceria longe de luta, sem risco de me machucar. Tenho vontade de pegar os melhores, seria um teste pra mim. Já lutei uma vez nos Estados Unidos, numa competição contra o Lovato,
Antes, o Caratê não era muito divulgado no meio do MMA. Como você se vê ajudando na divulgação da arte como destaque por ter obtido com suas vitórias? (Antonio Rivanildson da Costa Carvalho)
Eu fico feliz, porque vejo a credibilidade que o Caratê voltou a ter. Uma vez estava num evento e um cara falou para mim que lutava Vale Tudo e que já treinou Caratê no Rio, mas “num tempo em que a gente achava que o Caratê servia para alguma coisa”. Pensei em dizer que ele não sabia o que estava falando, mas engoli aquilo e hoje estou mostrando que o Caratê tem condições numa luta de MMA, desde que seja treinado e explorado de uma maneira correta, não o Caratê de competição. Vejo as academias lotadas, a minha tem 700 alunos e todo dia recebo telefonemas de pessoas me elogiando e agradecendo por levantar o Caratê.
Quinton Jackson fez críticas ao seu estilo de luta, assim como outros já o fizeram antes, mesmo sendo um estilo que não para de ganhar. Como você encara essa situação? (Antonio Rivanildson da Costa Carvalho)
Eu respeito a opinião dos lutadores. Se eles acham isso, tudo bem, não tem problema. Se a cada dia eu conseguir provar a eficiência da luta, que não é só colocar o golpe e mostrar o show para o público... Eu só solto o golpe na hora que vejo que vou conectar, tudo isso vem do meu estilo e as pessoas ainda não entenderam. Vindo de um lutador pode ser meio suspeito, deve estar querendo me provocar... Gostaria de lutar com ele para mostrar e provar isso. Se for isso que estão falando posso mostrar... Seria um prazer enorme lutar com ele.
Sua categoria de peso é certamente uma das mais difíceis e inconstantes do UFC. No caso de conseguir o cinturão, como fazer para se manter campeão? (Antonio Rivanildson da Costa Carvalho)
Antes de se tornar o campeão, é preciso manter o foco. Quando acaba a luta, eu procuro uma novidade, acrescentar ao meu jogo e acho que é aí que está o meu diferencial, isso confunde os adversários. Eu me mantenho como campeão a cada dia mais, procuro estudar, aprender mais. As pessoas só falam em treinar e treinar, mas tem que ter a humildade para enxergar mais as coisas que estão passando.
Em que momento de sua vida você percebeu que o MMA seria um bom caminho pra seguir? (Rodrigo de Carvalho Garcia)
Eu sempre gostei do esporte, então sabia que, se tivesse uma oportunidade de ganhar um dinheiro... O dinheiro não era meu foco, queria me testar, mas logicamente que a conseqüência – o dinheiro – ia aparecer. Sempre levei minha carreira muito a sério, profissionalmente, e isso foi uma tendência natural. Não vi no começo que o MMA seria bom para mim, as coisas foram acontecendo.
Qual a sua maior inspiração pro MMA? (Fábio Ferreira dos Santos)
Foi a família Gracie. Eles motivaram muito a gente a entrar. Víamos que era a arte marcial pura, o mais fraco podendo ganhar do mais forte, e isso nos motivava.
Tirando o Rashad, que está com o cinturão, qual outro lutador que você gostaria de enfrentar na sua categoria? (Felipe Teixeira de Oliveira)
Quinton Jackson. Ele é um lutador duro, agressivo. Ele já foi campeão e ganhou de muita gente, gostaria de enfrentá-lo.
Você se considera o melhor peso a peso. Se não, qual lutador você considera? (Felipe Teixeira de Oliveira)
Não. Acho que tem muita gente boa por aí, como o Anderson Silva. Ele já tem mostrado isso, mais que eu. Sou muito novo perto do que ele já fez.
Qual foi o lutador mais difícil que você enfrentou até hoje? (Felipe Teixeira de Oliveira)
É difícil falar, mas acho que foi o Sam Greco. Apesar dele não estar lutando mais, ele foi muito duro.
Qual o lutador você considera o mais completo no MMA mundial? (Felipe Teixeira de Oliveira)
Tem vários, não apenas um. O Anderson e o St. Pierre são caras que vêm mostrando muitas qualidades em vários campos diferentes, como em pé, derrubando e no chão.
Você prefere lutar em ringue ou octógono? (Felipe Teixeira de Oliveira)
No octagon. Me sinto muito mais confortável lutando lá.
O que você acha que falta para os lutadores brasileiro sejam reconhecidos aqui no Brasil? (Felipe Teixeira de Oliveira)
Falta mais apoio da mídia aberta. Muita gente gosta, mas não tem acesso. Se fosse em canal aberto daria esse crescimento do esporte, como o futebol. O MMA é um esporte profissional e deveria ter esse apoio também.
Quais os valores ele recebeu das artes marciais alem da disciplina? (Paulo Fernandes de Oliveira Junior)
Eu vivo da disciplina das artes marciais. Todos os valores que tenho hoje, do lado moral, respeito ao próximo, humildade de aprender cada dia mais foi a arte marcial que me trouxe. Tem muito garoto que chega na academia um pouco arrogante, aí coloca um cra mais forte que ele aí ele fica manso, mais humilde. Meu pai fez isso com a ente o tempo todo. Não adianta ficar de nariz empinado. Se quiser lutar, tem que ser com o mais forte, não adianta bater no mais fraco. Trago isso pra minha vida.
Depois de você ser campeão dos meio-pesados, você pretende subir de categoria? (Paulo Fernandes de Oliveira Junior)
Não penso em subir de peso, mas penso em fazer um desafio, talvez ao campeão peso pesado, mas acho que ainda não é hora. Com certeza, meu foco é minha categoria, depois é depois. Talvez uma luta com o Brock Lesnar. Ele é um cara grande, tem se mostrado muito agressivo e forte, quem sabe um dia poderíamos trocar umas forças. Respeito ele como lutador, é muito forte, mas sou profissional e gostaria de me testar.