22 de jan. de 2012

Trânsito em Belém: A beira de um colapso

Segundo estimativa do Departamento Estadual de Trânsito do Pará (Detran-PA), até o final deste ano, a Região Metropolitana de Belém (RMB) deve ter nas ruas 490 mil veículos. Até o final de 2015, os números surpreendem mais uma vez chegando aos 650 mil veículos, uma sobrecarga de 160 mil veículos que terá de disputar espaço com os milhares já nas ruas.

Alguns dos motivos apontados para tamanho crescimento são as facilidades oferecidas àqueles que desejam adquirir um carro novo. São prestações a perder de vista disponibilizadas por concessionárias, bancos e empresas de consórcio.

Apenas em 2011, quase 145 mil receberam emplacamento no Estado. Um dado preocupante, como explica o coordenador de Planejamento do Detran-PA, Carlos Valente. Segundo Carlos, o crescimento anual da frota da RMB é de 13%, muito superior ao que a região pode comportar. Caso um plano de ação para organizar o trânsito na Região Metropolitana não seja adotado como prioridade, as pessoas sofrerão ainda mais com os congestionamentos, acidentes e com a poluição do ar. 

Ao contrário do que se prega, ele afirma que a implantação do Bus Rapid Transit (BRT), projeto desenvolvido pela Prefeitura Municipal de Belém (PMB), dificilmente solucionará os problemas diários enfrentados pela população belenense e de municípios vizinhos que diariamente circulam pela capital.

A prefeitura anuncia a BRT como um sistema capaz de dar maior fluidez ao trânsito e potencializar o uso do transporte público em detrimento do automóvel próprio. 'É um sistema que provê um sérvio rápido, confortável, eficiente e de qualidade, concebido para servir pelo menos 45 mil passageiros por hora'. A obra irá consumir cerca de R$ 400 milhões dos cofres do governo, para ligar São Brás à Icoaraci.

O problema, segundo Carlos Valente, é que o problema do trânsito de Belém não consiste apenas na rapidez do tráfego dos coletivos, mas em sinalização e outros serviços necessários para que os condutores dirijam com segurança. 'Na rodovia Augusto Montenegro, por exemplo, pesquisas daqui do Detran-PA confirmam que por seis anos seguidos foi o local com maior índice de mortes. Lá não foram construídas ciclovias, a sinalização é pobre e não existe corredor para os motociclistas', esclarece. 

Para ele, os gestores municipais e o Estado deveriam unir forças para tirar do papel o Plano Diretor de Transportes Urbanos, Via Metrópole, que tem por objetivo reorganizar o trânsito na RMB. Mais do que se pensar em reduzir o tempo dos coletivos, o Via Metrópole abrange o sistema viário como um todo, desde a integração do transporte da Região Metropolitana até a segurança de pedestres e ciclistas.

Carlos Valente reforça que Belém não tem mais como comportar os muitos veículos lançados diariamente nas ruas da cidade, sobretudo, nas principais vias. Ele explica que a capital utiliza uma delimitação de espaços ultrapassada, criada na década de 1980.

Tecnologia diminui o impacto ambiental - 'O crescimento da frota de Belém não corresponde ao aumento da poluição do meio ambiente'. A afirmação é do professor da Faculdade de Química da Universidade Federal do Pará (UFPA), José Roberto Zamian. Segundo ele, a capital paraense tem a vantagem de ser uma cidade com o potencial de dispersar os poluentes lançados com a queima de combustível dos carros.

Ele comenta que mesmo nos corredores onde o fluxo é mais intenso, a poluição não é tão grande para o meio ambiente e, consequentemente, para o ser humano, se comparada a cidades como São Paulo. O professor lembra que atualmente os carros novos são fabricados a partir de uma tecnologia que busca equacionar preservação do meio ambiente e a modernidade.

José Roberto ele explica que os novos carros são produzidos com um catalizador que impede que com a queima da gasolina todos os resíduos sejam jogados no ar. Apesar disso, ele deixa claro que este 'cuidado' não consegue impedir a poluição, apenas ajuda a diminuí-la.

Carro foi transformado em bem necessário - Para o consultor de marketing, José Vilhena, que trocou o Gol ano 2001 por um Ford Ka no início deste mês, ter um carro deixou de ser luxo e tornou-se necessário. 'Um carro hoje não é mais um investimento como se pensava em outros tempos, é uma necessidade'. Ele garante que só não opta pelo transporte público porque este não oferece segurança e conforto à população. 'Não dá para abrir mão, hoje os coletivos além de não oferecerem conforto, são comumente assaltados e muito lentos', ressalta.

A mesma coisa, ele avalia em relação ao transporte alternativo, como a bicicleta. Mas, com um agravante, com o clima instável como o de Belém, ora chuva, ora sol, corre o risco da pessoa sair de casa para o trabalho por de baixo de sol e chegar sob temporal.

Fonte: O Liberal




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