25 de jan. de 2012

Cine Olympia, o mais antigo do Brasil, completará 100 anos em abril

Sessão lotada no Cine Olympia, dezembro de 1912, poucos meses após sua inauguração

Olympia de Belém é considerado o cinema mais antigo em funcionamento no País desde que se considere que sempre esteve no mesmo lugar e não parou as suas atividades por muito tempo.
O Olímpia foi fundado no dia 24 de abril de 1912 pelos empresários Carlos Teixeira e Antonio Martins, donos do Grande Hotel (onde hoje está o Hilton Hotel) e do Palace Theatre (na mesma quadra). Eles queriam fazer do cinema um ponto “chique” para atrair os freqüentadores do Theatro da Paz e, obviamente, os hóspedes de seu hotel.Uma das atrações foi a colocação da tela logo na entrada, com os espectadores passando pelas laterais.

No fim dos anos 30 a empresa Teixeira & Martins não suportou os encargos financeiros e vendeu o cinema, e outros que controlava, ao banqueiro Adalberto Marques. Criou-se a “Cia. Cinematográfica Paraense Ltda”. Uma firma de vida curta. Em 1946 Marques vendeu todos esses cinemas ao exibidor cearense Luís Severiano Ribeiro, já dono de salas em diversos Estados.
 
Vista lateral do Cine Olympia na década de 20
 
Em 1953 os estudantes de Belém encabeçaram piquete para a reforma do Olimpia, bastante deteriorado na época. Severiano Ribeiro respondeu comprando um terreno na Av, Nazaré e anunciando que ali construiria o Cinema S. Luís “o maior do norte do Brasil”. Mas não só o novo cinema ficou nisso como o Olimpia permaneceu maltratado. Só em 1960, depois de inaugurado nove meses antes o cinema Palácio, é que recebeu os requisitos de conforto como poltronas estofadas e ar condicionado.
 
No correr dos anos pouco se fez pelo prédio e suas instalações. Durante o tempo em que gerenciou a empresa Ribeiro, o sr. Adalberto Augusto Affonso foi incansável pedindo recursos para mantê-lo digno de uma tradição. Hoje o cinema atravessava uma fase sem brilho, embora ainda atraísse os fãs. Depois da medida extrema de Ribeiro Neto, o prefeito Duciomar Costa resolveu atender aos apelos da sociedade que compareceu em massa à sessão de despedida, assinando um contrato com o proprietário da casa para mantê-la, por três anos, como espaço cultural.
 
Sala de espera do Cine Olympia na década de 20: luxuosas instalações
 
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O Olympia foi idealizado para levar o cinema à elite de Belém na época em que ainda se fazia sentir o fausto da borracha (a extração do látex da seringueira nativa, produzindo fortunas entre os industriais da época). Nesse tempo (1912) o cinema era uma diversão popular, e existiam perto de 20 espalhados pelos bairros da cidade, alguns nada mais do que barracões com telas improvisadas e bancos corridos.

No dia da inauguração do cinema “luxuoso” próximo do Largo da Pólvora, o programa foi de filmes com curta metragem. Os longas chegariam pouco depois e vinham em lotes por navio, algumas cópias compradas para correr a região. Nessa época exibia-se muito filme europeu, especialmente suecos, alemães e dinamaqueses.

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Foi no Olympia que se exibiu o primeiro filme sonoro chegado à Belém: “Alvorada do Amor”, opereta da Paramount Pictures com Maurice Chevalier e Jeanette MacDonald, dirigida por Ernst Lubitsch. Em novembro de 1930.



 
  
 Vista do Cine Olympia do terraço do Grande Hotel (1920)
 
 

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